Resgatando a Masculinidade Bíblica



Um quadro bíblico, realista e equilibrado de um verdadeiro homem com certeza está longe de ser o proposto por revistas e novelas. Hoje em dia, temos a tendência de adiar o quanto puder a fase da juventude. Quanto mais jovem você parecer, melhor.

Infelizmente, esse tipo de pensamento coíbe os jovens de amadurecerem, alonga o período da adolescência e, consequentemente, deixa de produzir homens de verdade. O retrato do rapaz com mais de vinte anos que é sustentado pelos pais, acorda ao meio-dia e passa sua tarde jogando video-game tem se tornado cada vez mais comum. Isso, aliás, não é tudo. Existem rapazes piores que, apesar de preencherem o requisito de trabalhar e levantar cedo, não sabem tratar uma mulher com respeito. Fazem todo tipo de piadas sujas e se portam como verdadeiros meninos na frente de uma moça. Não precisa ir tão longe para encontrar coisas desse tipo. Mesmo no meio cristão, essas coisas são vistas com facilidade e é nosso dever lutar pra que os homens deixem de ser meninos e se tornem verdadeiros homens. Existem muitas mulheres solteiras por esse motivo: faltam homens para vaga de marido. Os homens estão se desapegando das responsabilidades que lhes foram designadas e estão deixando um buraco gigantesco na sociedade. Devemos nos empenhar para prepararmos futuros homens que estejam dispostos a cumprirem sua tarefa.

Mas, afinal, quais são as características de um homem bíblico que está preparado para o matrimônio?

  • Ele deve amar a Deus.
Aquele que não reconhece Deus como criador jamais será capaz de compreender quem ele é e para qual fim ele existe. Nós só podemos entender o que somos e qual a nossa vocação quando reconhecemos que é Deus quem define isso. O homem foi criado a imagem de Deus e, sendo assim, só poderá preencher as qualidades apropriadas da masculinidade quando encontrar descanso em Deus. Buscar e amar apaixonadamente o Deus da Bíblia é uma atitude própria de um homem¹.
  • Ele deve liderar.
Quando Deus apareceu à Adão no jardim, ele lhe deu ordens especificas. Adão ficou responsável pela supervisão do Jardim (Gn 2.15). Também recebeu o domínio sobre os animais e deu nome a todos eles (Gn 1.28-30; 2.20). Quando Deus colocou Eva no Jardim, as funções não foram divididas entre eles. Não se lê Deus dizendo: "Aqui está Eva. Você, Adão, ficará com metade do trabalho e ela ficará com a outra metade". Ela deveria ser sua auxiliadora (Gn 2.18). Adão deveria liderar e Eva deveria ajuda-lo e segui-lo.
Os maridos recebem essa mesma instrução de serem o cabeça do relacionamento matrimonial. A mulher recebe a ordem de se submeter à liderança do marido e respeitar a posição que Deus deu à ele (Ef 5.22-23). Os homens devem buscar sabedoria, iniciativa, resolução, humildade e coragem para executarem o papel da liderança.
  • Ele deve ser um amante de sua mulher.
Fica evidente na criação que Deus uniu Adão e Eva em matrimonio. Certamente o amor está presente nesse tipo de companheirismo. O Novo Testamento retrata isso de maneira ainda mais clara: ele diz que os homens tem o dever de exemplificar o tipo de amor sacrificial que Cristo tem pela Igreja (Ef 5.25). Os homens devem empenhar-se em buscar excelência nesse amor e nenhuma mulher deve entregar-se à um homem que a ame menos do que é exigido dele. Um homem verdadeiro deve buscar qualidades que demonstrem o amor, tais como a doação de si mesmo, gentileza, consideração, bondade, atitude de servo e sacrifício pessoal. John Benton escreveu:
"Talvez os rapazes solteiros usem seu vigor para servir a si mesmos em lugar de servir ao próximo. Talvez os maridos usem seu vigor para dominar a esposa e os filhos. Precisamos aprender a nos voltar para Deus, para a Sua Palavra e aprender novamente a caminhar com Ele. Ser um servo sacrificial do próximo [e da esposa], como Jesus Cristo foi, não é sinal de fraqueza. Isso é ser um homem de verdade."²
  • Ele deve ser protetor. 
Esse é o papel natural do líder. Adão tinha a obrigação de proteger sua esposa de todo e qualquer perigo. Deus, sendo nosso líder e maior exemplo de amor, assumiu o compromisso de proteger o seu povo e nos garante que nada nos arrebatará de sua mão (Jo 10.27-28). Isso certamente envolve aspectos físicos e espirituais. Ser homem envolver ser corajoso, ousado, forte e vigilante. Cristo certamente liderou, amou e protegeu seus discípulos (Jo 17.12). Ser homem envolve proteger. Stuart Scott concorda quando escreve que "o homem precisar assumir o compromisso de proteger sua esposa, seus filhos e sua igreja"³.

  • Ele deve ser provedor.
O líder é necessariamente aquele que prove. Homens devem cumprir sua função de suprir as necessidades daqueles a quem Deus colocou sob seus cuidados, quer físicos quer espirituais. Para cumprir essa função, o verdadeiro homem deve trabalhar. Ele deve exercer um ofício de onde possa trazer sustento para seu lar. Maridos receberam especificamente a função de prover no Novo Testamento (Ef 5.29; I Tm 5.8). Assim como Deus é provedor e nos proveu redenção em Cristo, o homem deve fazer o que estiver ao seu alcance para suprir as necessidade de seu lar.

Ser homem significa não confiar em sua própria concepção de masculinidade, mas apoiar-se no absoluto delineado na Palavra de Deus. Todas essas características demonstram que a masculinidade e o matrimônio, no fim das contas, não são sobre nós: é sobre Cristo. É por isso que mulheres não devem esperar menos do que um homem que cumpra ou que demonstre forte disposição para aplicar esses princípios em sua vida. É por falta de homens bíblicos e mulheres que procurem por homens bíblicos que nossa cultura está arruinada. É por isso que os namoros modernos não são mais do que práticas que exaltam o divórcio.

Homens, orem até que se tornem homens! Mulheres, orem para que encontrem no Senhor verdadeiros homens! Só assim educaremos as próximas gerações à amarem a Deus e à cumprirem com suas respectivas vocações. 


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1. Scott, Stuart. O Homem Bíblico, Nutra, São Paulo, 2014, p. 26.
2. Benton, John. Gender Questions, Evangelical Press, London, 2000, acréscimo meu.
3. Scott, Stuart. O Homem Bíblico, Nutra, São Paulo, 2014, p. 36.

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